Monday, May 17, 2010

E a virada, virou.
Tomara que não tombe.


Sai da virada (Virada Cultural em São Paulo) alegre pelo movimento, mas com a triste sensação de que ela pode estar entrando no seu declínio. É preciso inovar. Cuidar melhor das coisas. Sempre me encanto com o Centro lotado de um público razoavelmente eclético. Muitos shows e eventos legais e a sinalização estava bastante boa, com os mapas espalhados pra todo lado. Nestas gigantescas festas de rua é natural que a estrutura de apoio seja levada ao limite. Já fui em festas assim em algumas cidades diferentes pelo mundo. Os banheiros são sempre lotados e funcionam no limiar da higiêne. A Rua e os jardins sofrem invariavelmente. Mas alguns pontos me entristeceram um pouco. Acho que no próximo ano será preciso mais planejamento, ou pelo menos, melhorar a execução.

No domingo a virada levou coisas bonitas ao Centro, mas não senti o Centro em festa.

A degradação do espaço público era evidente e a escassez inquestionável de áreas gramadas saltava aos olhos. As pessoas se acumulavam nos pequenos espaços de grama nas praças paulistanas, deixando evidente que, nesta cidade, a grama foi feita pra ser vista, não pra ser aproveitada como na maioria das grandes cidades desenvolvidas do mundo. A dificuldade para achar cestos de lixo era a mesma do que em qualquer dia. Não bastasse o absurdo deste fato, seria bom reforçar a quantidade de cestos durante a festa.

Havia muita segurança, mas os calçadões cheiravam urina de maneira quase insuportável e as pessoas, nas filas do banheiro, esmurravam as portas pelo prazer de agredir o bem público e atrapalhar os outros. Ninguém supervisionava isto. E faltou, na minha opinião, uma visão mais ampla por parte da organização. Havia uma oportunidade que deveria ter sido negociada com comerciantes da área. Vi dezenas de turistas andando entre portas fechadas que não abriram no domingo para embelezar o centro e melhorar o evento. Bares e restaurantes, em sua maioria, fechados. Pena, pois a virada não seguirá crescendo apenas com seus palcos na esquinas e banheiros públicos. É preciso incentivar que os bares e restaurantes coloquem suas mesas na rua neste dia, abram as portas e ajudem a cidade a entrar em estado de festa, não em estado de sítio.

Eu adoro a idéia da virada, mas, neste ano, comecei a temer que em breve a idéia se torne melhor do que o evento em si. Tomara que eu esteja enganado e apenas influenciado por uma segunda feira de frio. Mas acho que é hora de buscar uma visão mais ampla sobre como fazer uma festa na cidade e seguir evoluindo na virada.

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