Wednesday, November 23, 2011


O Negócio do Ócio - A TV e a Internet
Pensamento rápido e sem compromisso, do jeito que eu gosto.
Nesta semana estou recebendo em minha casa um grande amigo. Bahiano de nascimento e essência, meu grande amigo é um especialista em planos de mídia, tendo passado por alguns dos ícones deste mercado. Graças à F1 não conseguiu hotel em São Paulo e me deu o prazer de recebê-lo em minha casa. Inevitavelmente, a prosa passou pela mídia e sua evolução, alem de outras curiosidades e amenidades. A conversa cessou e meus pensamentos seguiram indisciplinados.
Há uma percepção clara de que a TV migra cada vez mais para a WEB. Mecanismos de escolha, opção e controle tornam a WEB uma ferramenta cada vez mais interessante para o mundo da comunicação e, claro, da TV.
Um dos maiores fascínios deste caminho é a possibilidade de escolher a cada hora o que se quer assistir, como e em que tempo. Este é um dos grandes benefícios do casamento latente e já em fase de bulinações entre a TV e a Internet. Tudo isto é fantástico.
Mas me lembro aqui de uma anedota muito simples e profunda.

Um grande executivo, apos várias crises nervosas, foi aconselhado pelo médico de forma definitiva a fazer um retiro em uma fazenda. Isolado de tudo o que compunha o seu dia-a-dia. Poucas horas após chegar à fazenda o executivo já estava estressado. Desta vez, por não ter acesso a seus e-mails, às notícias do dia ou mesmo a um telefone. Pediu ao capataz do local que arranjasse algo para ele fazer, pois ficaria louco sem fazer nada. O capataz recusou, dizendo que tinha orientações do médico para deixá-lo descansar.
No dia seguinte o executivo insistiu durante todo o tempo, e sob muita pressão o capataz cedeu. Logo no amanhecer do outro dia, levou o seu hóspede a uma imenso campo de terra. Ao lado uma gigantesca montanha de esterco (fezes de gado).  O senhor tem de distribuir todo este esterco pelo campo de terra, para adubar antes do plantio da semana que vem. O executivo imediatamente começou, e o capataz se foi pensado: Um peão experiente levaria uns dois dias para isto. Este senhor sem nenhuma experiência levará ao menos uns três dias e devo ter sossego até lá.
Algumas horas depois, antes de sua pausa para o almoço, o capataz passou pelo campo para checar como ia o executivo. Para sua surpresa constatou que o trabalho estava terminado e o executivo estava relaxado e feliz, deitado ao lado da terra adubada. Impressionado perguntou: - Como o senhor fez isso? – O executivo retrucou: - Seu método era mal planejado e ineficiente. Eu fiz alguns cálculos, reformulei o planejamento de ação e reduzi muito o tempo necessário para a tarefa. O capataz ficou impressionado e empolgado, imaginando como aumentaria a eficiência da fazendo com este senhor a ajudá-lo.
No dia seguinte pela manhã levou o executivo até uma imensa pilha de batatas e explicou a tarefa. O senhor tem que separar entre batatas que te pareçam em bom estado e batatas que te pareçam em mal estado. O executivo imediatamente pegou a primeira batata e começou a analisá-la. O capataz seguiu para suas tarefas.
No final de um dia cheio, lembrou-se que o executivo certamente já teria terminado há tempos a sua missão, e dirigiu-se até a área de batatas. Ao chegar, chocou-se com o que viu. O executivo, agora com uma cara cansada e estressada, ainda analisava a primeira batata da pilha, mesmo apos mais de doze12 horas de trabalho. Assustado, negativamente desta vez, ele perguntou: O que houve?! Ontem você fez um trabalho de dois dias em algumas horas, e hoje, após 12 horas não conseguiu separar nenhuma batata! Qual é o problema?! – Ao que o executivo imediatamente respondeu:
- Ora meu caro! Espalhar merda é fácil! O difícil é tomar uma decisão.
Um dos encantamentos da TV é a possibilidade de escolher um canal entre algumas poucas opções e largarmos nosso corpo cansado e nossa mente desgastada à sua frente, sem a necessidade de mais escolhas. Assistimos inertes a uma sequencia de programação, às vezes excelente, às vezes inútil e até fútil, mas libertos da pressão de decisões. Se esquecerem-se disso os especialistas da mídia, sobrará ainda uma fascinante oportunidade neste mundo de nichos e escolhas: a TV sem escolhas, útil ou fútil, mas resgatando e preservando a velha TV de quando a caixa de luz colorida oferecia pouco mais de meia Dúzia de canais com uma programação fraca, que nada exigia de seus expectadores.

(Se você gosta de comunicação, siga aí meu amigo Daniel Fonseca ) 

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