Agora Eu Quero
Eu quero acalmar a alma até o ponto em que ela não me atormente como um fervilhar de apertos no estômago, mas não quero perder o fervor da alma que dá frio na barriga e medo, pois sem isto ela não estaria calma, mas morta. E jamais poderia morrer a alma, poderia?
Eu quero aplacar a ansiedade para que ela não mais consuma meu ser a cada segundo me impedindo de viver o presente em tudo o que ele tem a oferecer. Mas não quero aplacá-la a ponto de conformar-me tanto com o momento a perder a vontade de algo mais que agora não é e, portanto, poderia ser apenas no futuro.
Quero deixar ir a raiva que me faz reagir como não gostaria de ter reagido no momento seguinte, mas não quero perder a raiva que me permite ser menos do que correto por vezes, assegurando meu direito a ser honrado, respeitado e, às vezes, o simples direito a estar errado, bolas! Por que não?
Quero vencer o cansaço que me derruba na cama e me impede de levantar. Me derrota no sofá ou, por vezes, me deixa jogado onde não queria estar, se força pra me movimentar. Mas não quero vencer o cansaço que me obriga a descansar e me joga no profundo sono que me permite sonhar.
Quero fazer sumir a hipocrisia que me irrita ao meu redor de forma que elimine a incoerência por intenção e a mentira por desvergonha! Mas não quero deixá-la sumir a ponto de que não possa eu, um dia desses, experimentar ser também hipócrita.
Eu quero fazer sumir a fraqueza que não me permite vencer sempre e a falta de poder que não me deixa tornar o mundo o que eu quero que ele seja. Mas não quero trocá-la por tão poderoso poder, a ponto de poder tudo. Pois se com ele viesse o real poder de poder mudar o mundo, não saberia eu concertar o que acho imundo.
Com o poder na mão de gerar a perfeição, não saberia de forma alguma como ela realmente aparenta, pois a perfeição definida por um achar apenas, nada mais é que uma ditadura de ilusão. Pois nada mais é a perfeição do que uma ditadura da ilusão.
2 comments:
equilíbrio.
pois é...tão simples e tão difícil.
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