Loooongo Caminho Para Relações Sustentáveis
Outro dia observava duas crianças brincando despreocupadas em uma gangorra. Enquanto subiam e desciam alternadamente. Em determinado momento, uma delas parou de dar impulso, e a gangorra parou. Uma embaixo, a outra no alto. Logo, a brincadeira deixou de ser engraçada. Mesmo a que estava no alto deixou de divertir-se.
Lembrei-me da vez quando vi duas irmãs que discutiam aos berros. Perguntei a razão da briga e elas me apresentaram a teoria da “massa constante do universo”. Uma delas lera em algum lugar que a massa do universo é constante. A conclusão delas foi imediata: se uma pessoa está emagrecendo, outra precisa engordar. Sendo assim, sempre que uma delas começa a emagrecer elas brigam, pois a outra irá engordar! Me dei conta de que este raciocínio é imperativo no mundo dos negócios: Na maioria das negociações entre empresas ainda acredita-se que alguém deve perder para que o outro ganhe.
Empresas gostam de dizer que trabalham em um formato onde todos os devem ganhar. Mas o que se vê na maioria das vezes é uma realidade baseada em diminuir a importância e o valor de um dos lados. Não se busca a construção de uma relação de crescimento conjunto. Este modelo não levará ao melhor resultado, pois troca-se interação por pressão.
O que aconteceu com o valor da qualidade, da diferenciação e da criatividade na comunicação? Muitas vezes a agência é escolhida pela área de comunicação, que depois coloca a área de compras no processo para pressionar uma redução de preço, baseada no valor apresentado por outra agência, cujo resultado não agradou o cliente. Ou seja, há pressão crescente para que se entregue o melhor pelo valor do ruim. Há uma fragmentação empobrecedora na relação construída com o cliente. Me pergunto o quanto estamos comprometidos efetivamente com a construção de relações sustentáveis, pois seguimos caminhando no sentido inverso.
Se estivermos efetivamente comprometidos com uma mudança no paradigma de relações e com a construção de cadeias sustentáveisteremos de reaprender a pensar, sentir e agir. Sem ilusões: estamos treinados para uma relação de oposição. Creio o desafio da sustentabilidade ainda nos impõe muito esforço. Precisamos buscar o equilíbrio. Ficar estagnado, ainda que no alto, enquanto outro está embaixo, deixa a brincadeira sem graça nenhuma.
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