Faz Sentido Ficar tão Estressado no Trabalho?
“O problema do meu trabalho é que não tenho vida.”
Há algum tempo escutei isto de uma amiga.
Hoje, o trabalho é a forma como vivemos a conquista e luta pelas condições básicas de sobrevivência. Não caçamos nosso alimento. Transformamos a caça em trabalho e colocamos uma áurea de razão e consciência. Mas nossos sentimentos são, em grande parte, reedições de sensações formatadas em nosso psiquismo nas fases mais primitivas da formação, cheios de instinto. Nossa luta pela sobrevivência reedita medos primitivos da morte, da conquista das condições básicas de sobrevivência, da incapacidade autônoma de sobreviver ao nascer e da necessidade de uma entidade parental provedora na infância. É razoável considerar, portanto, que por processos transferenciais muito presentes, nosso vínculo com o trabalho é primitivo e intenso, carregado de ansiedade de morte, e suportado, nas empresas, por uma relação carregada de uma reedição da relação parental, da relação com pais provedores fundamentais para a sobrevivência.
O vínculo com o trabalho e com a instituição empregadora nada tem de simples ou de superficial. Pelo contrário. A ele, entregamos nossa auto-estima, nossa coragem, nossa sensação de sermos capazes de sobreviver. Neste cenário sim, faz sentido que abdiquemos da vida por ele como fez minha amiga, pois sentimos que antes de gozarmos a vida, temos de viabilizar a sobrevivência. E neste contexto atribuímos aos nossos chefes e às empresas em que trabalhamos a capacidade de garantirem a nossa sobrevivência. Mas a segurança que reside nisto é verdadeira, mas absolutamente volátil. Criar esta consciência nos fortalece e nos permite assumir nossa autonomia.
*Recebi esta pergunta de um aluno que estava em uma palestra dada na Uniban há alguns meses e está estressado no trabalho.
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