Wednesday, June 30, 2010

Quando um gênio encontra sua criança, ele brinca!
Itzhak Perlman toca klezmer pela primeira vez na vida.

O encontro de um gênio com a sua infância de maneira muito especial. Possível quando ele resolveu experimentar algo novo e ousar. O Klezmer é um ritmo tradicional dos judeus da Europa Oriental. Itzhak Perlman é considerado um doa maiores violinistas do mundo, nascido em uma família de judeus poloneses, ele jamais havia se aventurado no Klezmer. Um ele resolveu mudar isto em grande estilo. Foi até Krakóvia, com seu pai. Juntou um pequeno grupo de músicos de Klezmer, sentou-se no jardim à frente da abandonada sinagoga, no antigo bairro judaico e resolveu experimentar. O Klezmer, normalmente cantado em idish, expressa a ambivalência da alma judaica e o antagonismo da história do povo. O lamento e a alegria se alternam rapidamente, fazendo uma música que passeia pelos extremos.
Assisti este documentário e achei fantástico. Segue um pequeno trechinho. Para um judeu de origem azshquenazi (Europa Oriental), o Klezmer não permite ficar parado. Se você sabe tocar, você toca, se sabe dançar, dança, se não sabe, dança também. E se não quer mesmo dançar, a alma dança em você.

Joan Baez - Where Have All The Flowers Gone

When will we ever learn?

Friday, June 25, 2010

Comi o pão e fiquei sem o circo.
Brasil e Portugal não deu nem pra pinga nem bacalhau


O jogo de hoje, entre Brasil e Portugal foi uma das experiências mais frustrantes da minha pouco acalentada vida de torcedor. Segui até o bar, ou restaurante, aqui ao lado do escritório. Fomos todos cheios de energia, camisetas verde e amarelas, fitas e fé. Chegamos para ocupar a mesa, já reservada, bem posicionada entre várias TVs e um telão. Pedimos logo uma caipirinha que era pra deixar claro a que viemos! Sim, eram 11 horas da manhã de um dia de semana. E daí? É nessas horas que podemos jogar todos os problemas pra escanteio, pois há algo mais importante a acontecer: o Brasil vai entrar em campo. A seleção canarinho, que na real, há tempos já voou, vaio entrar pra nos encher de alegria e orgulho de sermos brasileiros. Vai correr o gramado pra nos dar um, ao menos um motivo pra esquecermos que este país está mergulhado em políticos desonestos, governantes fracos e irresponsáveis, serviços públicos que não funcionam, corporações que mandam no Estado e uma economia, que embora diga-se estar “bombando”, carrega para onde olhos dezenas de reclamações e frustrações. Nada disto importa, pois no dia de jogo eu sou o campeão do mundo, e é assim que eu quero me sentir!

Entramos no Dona Felicidade. Lugar ideal para assistir a um bom jogo! Sentamos na mesa onde, com freqüência, podemos encontrar o próprio Casa Grande - O casão mesmo - sentado na hora do almoço. Olhei para a TV e logo acima dela, lá estava: a bandeira de Portugual. Sim. Nos faltou a óbvia lembrança de que a doce senhora que toca este estabelecimento com precisão é portuguesa. O cardápio emparelha pratos portugueses com caipirinhas variadas e mistura lingüiça no álcool e feijoada com uma bela bacalhoada. Pois é. Brasil e Portugual são entrelaçados de maneira inevitável. Eles nos colonizaram, e nós os carregamos dentro de nós. Na nossa cultura, língua e nas esquinas onde os portugueses brasileiros tem seus bares, padarias e restaurantes. Aliás, pra quem não vai há algum tempo pra lusa nação, não tenham dúvidas de que estamos devolvendo à altura. Nós é que os colonizamos hoje, enchendo a pequena nação de brasileiros e novelas.
Mas vamos lá! Vamos vencer este jogo e abandonar esta velha posição colonizada! Nada disso. Não vencemos o jogo. Fizemos um jogo medíocre e sem emoção. Nada que justificasse uma boa caipirinha numa sexta feira pela manhã. Perder o jogo teria nos dado, ao menos, um sentimento. Que fosse dor, raiva, humilhação. Algo que se sinta, como diria o grande Antunes.
Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...
Por fim, espero que esta seleção nos ofereça mais em troca da humilhação de uma nação que finge estar tudo bem apenas para assisti-los. Por mim, podiam eles devolver a responsabilidade ao Governo, que este sim merece ser questionado por milhões. Mas não o é. Então, que a seleção tome as palavras que seguem nesta canção de Arnaldo:
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas.

Veremos o que virá. Seguimos em nossa esperança circense.

Thursday, June 24, 2010

Separar a emoção da razão, ou o pessoal do profissional, é como separar a cabeça do corpo. Ou é ilusão, ou é a morte. M.Svartman
Resiliência Chorada
Lições do Caminho de Santiago de Compostella

Hoje estive lendo o Blog de um amigo, Guilherme Mazzola. Ele escreveu sobre algumas reflexões de quando fazia o Caminho de Santiago. Acabei, eu mesmo, lembrando de quando trilhei este caminho. Me dei conta de como as experiências da vida seguem à nossa disposição para virarem lições. Também hoje respondi a uma pessoa que me perguntava sobre a resiliência e me lembrei desta passagem. (na foto, no aeroporto preparando pra retornar ao Brasil, com a serenidade de quem entendeu que estamos sempre no caminho.)


Após dias de caminhada chegamos a um pequeno pueblito (vilarejo) no meio das montanhas da Espanha na região de Castilla e Leon. A caminhada até lá havia sido dura, com trechos de subida e de montanha. A Clô tinha os pés destruídos e já estava caminhando de sandálias, pois não consegui vestir as botas. Chegamos ao pueblito na hora da ciesta. Tudo fechado. A Clô mal conseguia dar um passo e nos pareceu impossível seguir. Eu estava cansado demais para conseguir manter a firmeza de espírito e me senti muito frustrado. Eu já havia caminhado horas com as duas mochilas para facilitar para ela nos trechos cheios de pedras e subidas. Percebemos que se não caminhássemos naquele dia por mais algumas horas chegaríamos um dia mais tarde e isto nos faria perder o avião de Santiago a Barcelona, onde eu queria visitar meus irmãos que estavam morando lá.

Discutimos um pouco e logo estávamos chorando. A mistura do cansaço da dor e da frustração foi explosiva. Ambos muito acostumados a caminhar. Jamais pensamos que poderíamos ter de desistir. O choro acalmou a alma e a pressa provocada pela aflição. Por fim, resolvemos seguir bem lentamente, pois sabíamos que havia um albergue de peregrinos cerca de seis quilômetros adiante. Seguimos lentamente, caminhando por uma velha estrada que seguia abaixo de uma nova e gigantesca rodovia. Caminhamos quase em silêncio.

O final da tarde foi brindado com nossa chegada a um albergue muito simples. Camas alinhadas no porão, numa vila que não chegava a ter dez casas. Uma delas fazia uma boa refeição peregrina, com sopa de lentilhas, pão e um belo vinho local. E ai?

E aí que desta vila não havia como pegar um ônibus ou trem para ir embora. Os próprios moradores, quando queriam sair de lá, eram obrigados a caminhar cerca de seis quilômetros até o pueblito que havíamos deixado pra trás. Lá, longe das alternativas, a decisão ficou distante. A pressão imposta pela possibilidade de seguir outro caminho sumiu. De lá, a única alternativa era caminhar. No dia seguinte, os pés começaram a melhorar. Dois dias depois a Clô já conseguia calçar suas botas e um dia depois já estávamos caminhando sem pressa e, ainda assim, cumprindo com facilidade uns 30 km por dia. Por fim, quando já estava em Barcelona, caminhando na praia com meus irmãos, percebi que um dia a mais ou a menos com eles não faria tanta diferença. Toda aquela pressão vinha de uma grande urgência emocional. De uma angústia interna que poderia ter transformado a encruzilhada no fim de uma grande realização. Ao longo do caminho percebi a inconsistência da pressa em nossa vida. O Caminho de Santiago revela em sua mágica a simplicidade deste fato.

A resiliência, descrita como “canalizar as energias das dificuldades para um desfecho construtivo”, passa por conseguir manter a calma. Conseguir entender o tamanho do problema em um contexto maior. No contexto da impermanência das coisas e da inconsistência da urgência. As empresas, tão afoitas para absorverem este contexto, o fazem seguindo na contramão, pois querem entender como fazer isto para não perderem tempo. É um paradoxo em si. Pof fim, digo mais: Se não houvéssemos chorado quando achamos que nossa jornada acabaria ali, não haveríamos liberado a angústia e permitido que a energia voltasse a fluir. Não teríamos achado a força pra continuar. E aí? Será que as empresas estão prontas pra dar espaço ao choro natural da vida?

Wednesday, June 23, 2010

Ídishe Copf na Propaganda

E aí vai um exemplo de "idishe copf" na propaganda israelense. A expressão se refere ao pensamento rápido e estratégico. Os judeus da Europa Oriental, super perseguidos nos anos 20 até 50, acabavam criando subterfúgios para se auto valorizarem numa sociedade extremamanete fragmentada e segregadora. Literalmente a expressão que dizer "cabeça de judeu", e refere-se a este tipo de raciocínio.
Já que hoje estou privilegiando a simplicidade, aí vai um bom exemplo:

Cocô é uma Merda!

Hoje pela manhã enquanto caminhava pelo meu bairro com meu cachorro fiquei impressionado com o número de, com o perdão da simplicidade de linguagem, cocôs! Bom, ao invés de escrever sobre isso e a falta de consciência coletiva do brasileiro. Aí vai um anúncio muito bom, carregado de humor e simplicidade. Elementos que, pra mim, aina figuram no topo entre as boas qualidades de um anúncio bem feito.

Friday, June 18, 2010

Estou Correndo Atrás do Rabo
A gente acha que já entendeu, mas na verdade ainda não aceitou


Conversando com uma amiga querida ela me contava sobre sua avó: Minha avó sim era feliz. Calma, serena e feliz com o que tinha. Não queria demais, não reclamava da vida. Teve uma vida simples dedicada à família. Teve uma família difícil, uma infância ruim, mas, mesmo assim, não tinha queixas. Ilusão!

A vida é feita de todos os sentimentos, e a saúde mental de uma vida boa e tem angústias, tristezas e frustrações! Nós ainda esperamos que a vida seja um patamar de serenidade, que um dia alcançaremos. Mas ela não é. Todos têm seus conflitos e eles são doídos para quem os vive. Os profundos conflitos da vida nos são simples quando vividos pelos outros. Mas eles não são menos duros do que os nossos próprios para quem os vive.

A doce avó da minha amiga, assim como a minha própria, cresceu num mundo onde não se falavam abertamente dos conflitos profundos. Das dúvidas e ambigüidades. Velar e não expressar estas questões não faz mais fácil lidar com elas. Ela sofria e certamente morrer com alegrias e tristezas. Levou realizações e sonhos frustrados. Sonhos que poderiam ter sido realidade e sonhos que nasceram para morrer sonhos. Foi-se cheia de pensamentos, como iremos nós.

Estamos em um momento onde, mais uma vez, a sociedade busca a liberdade. Quer se expressar, viver por amor, ser livre! Todos podem quase tudo. Mas esquecemos que as instituições engessadas foram criadas com o tempo para aplacar as angústias geradas por uma liberdade absoluta e extrema. Será que estamos girando em círculo e cometeremos os mesmos erros do passado? Sim! Mas não são erros. É apenas a vida. Seguimos buscando aplacar nossas angústias mudando nossa forma de viver e o mundo ao nosso redor. Não há problema com isso. É saudável. Mas as angústias voltarão, pó is assim é o ser humano. E os sentimentos de que não gostamos também fazem parte de uma vida saudável.

Não somos melhores do que o cachorro que corre atrás do rabo, mas nossa corrida é mais complexa e cheia de elementos, portanto, aproveite a corrida deliciosa, pois este é o propósito da vida, pois o rabo você não alcançará.

Monday, June 14, 2010

In Caos, everything is just in the right place. M.Svartman

Thursday, June 10, 2010

From today´s morning meditation.

Espetáculo Ghetto
A peça é um monólogo do meu querido amigo Fabinho Herford, e eu achei fantástica!

Fabinho é um amigo querido. Trinta anos se vão desde que o conheci. Foi meu chefe de escoterio na Avanhandava,  e mais tarde, foi meu diretor no grupo Te Amo Te Atro. O Fabinho é um dos responsáveis pelo meu amor pelo teatro.
A peça tem o Gueto de Varsóvia como contexto, mas ela é maior do que isso. Ela é sobre a fé!
O que é a fé e porque a temos? Pra mim, fé, é um tema central hoje no mundo, ao lado do preconceito e da agressividade.

No final, ao citar sobrenomes que se foram no Gueto, Fabinho faz uma homenagem sutil a amigos queridos do teatro e da vida.
O que, afinal, é a vida e porque é ela como é, ai invés de ser como gostaríamos que fosse? A peça segue em cartaz por pouco tempo. Vá. Eo gostei muito.

http://www.espetaculoguetto.com/

Wednesday, June 09, 2010

Discurso de Meu Avô (Zeide Jacó)


Este discurso foi feito por meu avô, Jacob Melech Szewc, no dia do bar-mitzva de meu tio, Henrique Chevis. O discurso foi feito em idish e gravado em um LP 78 rotações. Foi traduzido por minha mãe no ano passado, Betty Svartman, e digitado pelo meu irmão, André. Por isso o título. André é o neto mais novo entre os dez que formam parte do legado de Jacob Szewc. Meu irmão do meio, Mauro, leva o nome dele em Hebraico. Eu inseri traduções entre parênteses para as palavras pronunciadas em idish.
Neste domingo, dia 13 de junho de 2010, o neto do meu Tio Hique comemorará o seu bar-mitzvá, o Guilherme, filho da Claudia e do Zeca, irmão do Marquinhos. 56 anos depois. É o segundo bisneto do meu avô a fazer bar-mitzva. O primeiro foi o Alê, filho do Milton. Aí vai uma pequena homenagem aos meus primos queridos, meu tio e meu avô, que não chegou a conhecer seus bisnetos.


“Meu querido filho Henrique,


Hoje, dia 24 de Novembro de 1954, comemoramos, eu, seu pai, junto com sua mãe (Golda Wolak Szewc) e seu querido irmão (Carlito) e irmãzinha (Bettynha), seu 13º aniversário.
Como seu aniversário caiu numa 4ª feira, nós queríamos dar oportunidade de toda nossa família e amigos poderem participar da `simchá` (alegria/ comemoração). Nós os chamamos no sábado, dia 28 de Novembro, para divertirem-se conosco e darem kavód (respeito/ homenagem) a você.

Para você, meu querido filho, a data de hoje é um dia especial, porque hoje é seu 13º aniversário, seu Bar Mitzva, o que significa que a partir de hoje você se forma uma pessoa de pleno pensamento e responsabilidade, por você, por seus pais e pelo povo judeu.

Bar Mitzva é para os idish uma data em que a criança passa a ter sua própria sabedoria e seu conhecimento e por isto é tão investida pelos idn (...) e para nós, pais, uma data tão cara. (idish ou idn é como os judeus ashkenazi referiam-se aos próprios judeus)
Acredito que ao dizer estas palavras você vai entendê-las e tratar estas palavras com respeito.(...)

Você tem um mundo com pessoas boas e pessoas más, e quando você for escolher seus amigos, escolherá entre as pessoas boas, porque essas são as que vão lutar por um bom futuro.

Da época do seu nascimento até hoje, o mundo passou por uma terrível guerra: uma guerra que foi horrível para toda humanidade e para os idn em particular. Seis milhões de idn foram mortos sem motivo: queimados vivos nas câmaras de gás e entre eles estavam seus próximos – babe (vó), zeide (vô) , tios, tias e outros seus. Hoje, infelizmente ainda existem pessoas más, que querem repetir o mesmo. Eles querem, de novo, a guerra. Eles querem, de novo, culpar as pessoas.
E eu, teu pai, quero no dia de hoje te fazer uma pergunta: O que é melhor?
Tenho certeza de que você, meu filho, vai escolher as pessoas boas. Por causa de sua educação.

A você, meu filho Henrique, desejo que cresça num mundo de paz e de justiça.
Eu, teu pai, desejo a você que se desenvolva um bravo judeu.
Como minha querida esposa já disse e você já sabe, nós não comemoramos as cerimônias religiosas. Acreditamos no mundo moderno. Com sua sabedoria moderna. Em criar nossos filhos em um ambiente de honestidade e generosidade, mentchelechkait ... (humanismo) também para o povo judeu.”
Jacob Melech Szewc
The signals of threat are abundant and recognized by many,yet,somehow they fail to penetrate the corporate immune system response to reject the unfamiliar.Arie De Geus
Nem Por Todo o Chá da China!
A situação na China começa a mostrar sinais da sua insustentabilidade.


A expressão “negócio da China” refere-se a um bom negócio. Vem do século XVIII, se não me engano, quando a China negociava chás e especiarias com o ocidente, e os navios faziam, para isso, uma rota otimizada quanto ao leva e trás de mercadorias.

Hoje, a expressão não poderia ser mais atual. A China é o parque fabril do mundo. Sua economia vem apresentando índices de crescimento impressionantes, o país produz, ganha espaço e, há tempos, deixou de ser “o outro lado do mundo”.

Todo este movimento, porém, não deixa de ser apoiado em solo pouco firme em alguns aspectos, como cheguei a comentar no post A Muralha da China Cresceu, tempos atrás. Já há alguns anos, analistas com um olhar amplo ao equilíbrio do mundo vêm apontando o potencial de colapso do modelo chinês. O crescimento tem se dado em grande parte pelas condições de produção a preços muito menores do que em outros países. Produzir, na China, é muito barato. É tão barato que compensa a distância, a dificuldade da língua, o transporte e tudo mais. Mas a China esconde incoerências que, em algum momento, não poderão se sustentar. Há muita hipocrisia do ocidente neste processo. Enquanto as indústrias locais têm, cada vez mais, que buscar modelos sustentáveis de solução, elaborar relatórios evidenciando isto, conquistar certificações, se relacionar com diferentes stakeholders, etc. Na, China, a produção não preocupa-se com tantos parâmetros. A qualidade industrial tem sido aprimorada e auditada, mas a qualidade social da produção é um ponto cego desta equação. O ocidente compra da China e faz vistas grossas e hipócritas a isto.

O budismo é firme ao dizer que nada é permanente. A China, como um país com grande percentual de sua população budista, não escapa desta sábia realidade. Pouco a pouco os trabalhadores chineses tomam consciência da precariedade de sua condição de trabalho. A China vive hoje uma séria e greves e marchas reinvindicatórias. A Honda está com sua produção praticamente parada há dois dias, sendo que acabou de sair de uma dura negociação onde acabou aumentando salários e participações de seus funcionários. Ao contrário do que pode-se pensar, com a velocidade da comunicação, mesmo em um país que ainda tenta controlá-la, estes movimentos não se darão lentamente. Eles serão rápidos e criarão tensões crescentes no seio do crescimento chinês.

O próprio governo mudou seu discurso e, agora, começa a incentivar empresas a melhorarem as condições de trabalho de seus funcionários. Para um governo ditatorial que sabe que seu crescimento se deve aos custos baixos da produção no país, isto não é pouca coisa. Com a China sob olhos do mundo, o governo ditatorial terá de aprender a dançar músicas diferentes. Na China, o país parece dividir-se em realidades muito dissonantes.

Veremos por quanto tempo o negócio da China seguirá sendo um bom negócio e por quanto tempo o governo chinês conseguirá sustentar uma gestão assim negociando com o mundo ocidental. Por hora, um pouco de repressão na China e um pouco de hipocrisia no ocidente tem resolvido.

Tuesday, June 08, 2010

EXTREMA - MG
(junho 2010)


Passei o feriado em Extrema.
A cidade não tem muito a oferecer. Na verade, a cidade mesmo não tem praticamente nada. Inicialmente me pareceu um município sem movimento econômico nenhum, e por isso me surpreendi tanto ao saber que hoje ele é a sexta economia de Minas Gerais. O crescimento é baseado no deslocamento de um grande número de indústrias, o que esta provocando uma agito geral por lá. De qualquer forma a economia aquecida não se traduziu ainda emdesenvolvimento a olhos nus. A cidade está crescendo, mas ainda é minúscula. Acho que o turismo pode ter um papel importante em colocar a cidade sob olhos atentos que cobrem posturas sustentáveis de crescimento e reinvestimento na população.
De qualquer forma, Extrema está grudada na Rodovia Fernão Dias e está ao lado de Joanópolis, em SP. O município oferece uma série de pequenas trilhas gostosas com vistas maravilhosas. Cachoeiras deliciosas, gente muito simpática e um clima muito gostoso, além de alambiques artesanais e muita cachaça pra experimentar. O ar mineiro se faz presente em queijos e geleias caseiras. Ficamos na Pousada Muxarabi, de um casal muito simpático que saiu de São Paulo e se acomodou por lá, coisa que, aliás, muita gente tá fazendo.
Vale a pena pra quem quer descansar sem se afastar muito de São Paulo.

Minha fala mais profunda
Publicado: Quarta-feira, 26 de maio de 2010 na minha coluna no www.itu.com.br


Já estou um dia atrasado com meu artigo aqui nesta coluna. Cada vez que busquei o que escrever, encontrei dentro de mim um profundo silêncio. Pode-se pensar: Será que nada tenho a dizer? Mas bem pouco o nada tem a ver com o silêncio. No silêncio, não reside o nada. Reside o tudo. Se no silêncio há tudo, porque quando estamos nele nada se diz? E a resposta me parece clara: Por que tudo, é muito pra se dizer.
Em nosso silêncio está tudo aquilo que há de tão profundo e importante, nos faz calar e contemplar. No silêncio estão as raivas tão raivosas que nos assustam, os amores tão amados que nos doem. No silêncio estão nossas mais profundas compreensões sobre a vida. Aquelas que de tão profundas, tão claras e libertadoras, nos dão tamanha sensação de compreensão que desaparece toda e qualquer necessidade de compartilhar ou discutir, e assim, em uma aceitação que une corpo, mente e alma, o silêncio basta para contemplá-la e absorvê-la lentamente, no fundo do nosso ser, enquanto um pequeno relaxar dá uma sensação boa que deve ser aproveitada. Pois passará.
Se nada houvesse no silêncio, porque seria ele tão temido, tão assustador para aqueles que ainda não ousaram criar com ele certa intimidade? E mais uma vez, se nele nada houvesse, porque seria o silêncio tão valioso e querido para aqueles que já, com ele, se acertaram.
Pois como já disse uma vez por aí, quando mergulho fundo no oceano, um dos meus mais caros prazeres, percebo, do oceano, um barulho imenso, que se reverte, ainda assim, no mais profundo dos silêncios. Pois é só no silêncio que está todo o som do universo. Todo ele junto, numa sinfonia gigantesca, mas tão pura e tão harmoniosa que seu som nos é tão dócil aos ouvidos e à mente que nos é absolutamente silencioso.
Se te incomoda o silêncio é porque a mente ainda não te deixou acessá-lo. O silêncio é fundamental para a saúde. Não há diálogo sem o silêncio, como já bem disse eu por aqui.
E eu, por ter tanto em mente e tanto no coração, tomo a liberdade, pela pequena intimidade criada aqui com vocês leitores, para hoje, ao invés de discorrer muito sobre poucos pensamentos, compartilhar tudo aquilo que penso e sinto, mas fazê-lo através do pouco. Compartilho aqui com cada um de vocês, sempre tão queridos, a mais sagradas das minhas falas: o meu silêncio.

Monday, June 07, 2010

Meu exercício é aprender a reagir ao que me incomoda, e não reagir ao que me incomoda demais.

Wednesday, June 02, 2010

Finalmente!
Anúncio de pasta de dentes sem "comprovado por dentistas"!

Ontem postei aqui uma crítica à campanha da Bic feita pela BorghiErh Lowe (Minha cunhadinha até ficou brava!). Pra fazer justiça à competência da agência, ainda que eu realmente não tenha gostado da campanha da Bic, parabéns para este anúncio que achou um caminho diferente pra anunciar creme dental. Sempre me pergunto se ninguém ia encontrar mais alternativas pra isso. Os anúncios são sempre brancos, assépticos, com dentistas bonitões ou gatíssimas usando avental e recomendando a marca. No máximo, pessoas sorrindo e dizendo: o meu dentista me recomendou...
Bom, aí vai um anúncio postado pelo meu amigo e eterno professor Luiz Fernado Garcia (ESPM), segundo dica da Paula Rizzo. E é da BorghiErh Lowe! Mandaram bem.

Tuesday, June 01, 2010

Excelente produção numa linguagem direto ao ponto. Beira a simplicidade precisa do "Crazy People". Vale pra toda a linha de campnaha da AXE, mas este vale pela produção.

Eu acho que a BIC errou feio!
Se não teme a barata o homem da Bic, o anúncio é ainda mais absurdo. Fosse por medo sua ação, haveríamos ainda de aceitá-la.

A Bic está com uma nova campanha no ar. Assisti um dos anúncios e confesso que me assustei. Tem algumas linhas criativas que parecem desconectadas de toda a tendência mundial. Não estou falando da tendência da publicidade mundial. Estou falando da tendência de sociedade, e de valores que devem ser incentivados, enquanto outros devem ser desencorajados.
Anunciante e agência são empresas conhecidas pela sua qualidade, mas nesta, eu acho que erraram muito.

No anúncio, feito pela Borghierh Lowe (que é uma baita agência com todos os méritos, sem dúvida),  a empresa claramente valoriza o homem que, frente a uma barata, pisa nela sem cerimônias. De certa forma ela diz ser este o homem que usa seu barbeador. Talvez a empresa queira associar o rosto barbeado à masculinidade. Talvez, contrapor a tendência entre os homens de deixar uma “barba mal feita”. Não sei, mas acho que o ato de esmagar um ser vivo sem, ao menos, lembrar-se de que uma barata é um ser, é péssimo. Ainda que uma barata desperte pouca compaixão na maioria da população, o ato de matá-la cruelmente ser associado a um ato positivo, pra mim, depõe fortemente contra a marca. Sem contar o desrespeito direto a públicos, como os budistas, por exemplo, que não aceitam a morte de nenhum animal por acreditarem na sacralidade da vida e na reencarnação.

Pra mim a Bic e a Lowe erraram feio. Propaganda de mau gosto, estrategicamente mal pensada e péssima associação de valores com a marca! Muito ruim! Odiei. E ainda querem mandar pra toda América Latina!! E ainda destacam que nenhuma barata foi maltratada durante a filmagem! E daí?! Estão incentivando o ato. Achei ruim mesmo.