Pobre Macbeth
Direção de Aderbal Freire-Filho, com Renata Sorrah e Daniel Dantas
Fui assistir e, infelizmente, achei bem fraco.
O palco, bem grande, abriga uma cenografia simples e aparentemente bonita. Infelizmente, resta aos atores preenchê-lo, o que eles não dão conta de fazer. A grande maioria deles não tem voz para tomar o teatro e, em boa parte de platéia, tentar escutá-los torna-se angustiante. Renata Sorra e Daniel Dantas preenchem o palco com mais competência que os demais. Mas não gostei de como Daniel interpreta Macbeth, e ainda assim, os demais atores deixam bastante a desejar em sua atuação. Macbeth me pareceu demasiadamente fraco para realizar ações tão ardilosas. Não consegui sentir realmente a angústia da ambivalência que forma os serem humanos e que, em Macbeth, é tão central. As mesas no cenário, que em boa parte da peça funcionam como pequenos palcos, são forradas com diferentes tecidos para ambientar as cenas, mas o efeito é demasiadamente sutil para ajudar a peça a ser estruturada. Sem contar que, em certo momento, para representar que estão na Inglaterra, e não na Escócia, onde se passa a maioria do espetáculo, cobrem a mesa com a bandeira da Grã-Bretanha. Ao invés de usar a bandeira da Inglaterra, branca com uma cruz vermelha, usam a do Reino Unido, Azul com os cruzados vermelhos e brancos.
No segundo ato, as cenas em que simulam estar cavalgando, feita pelos atores sobre as mesas, é algo entre engraçada e patética. Uma forma ousada e simples de representar, mas que ficou muito ruim na minha opinião.
Enfim, o texto é ótimo e a tradução me pareceu agradável e, creio, tenha sido bem feita. É sempre louvável a ousadia de representar Shakespeare e a busca por formatos novos. Mas neste caso eu não gostei do resultado. Os atores me pareceram muito preocupados com suas falas (que aliás careceram em boa parte de uma dicção mais clara) e marcações, e esqueceram de tocar o público. Pena.
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